Os rumos e
o aperfeiçoamento do Orçamento Participativo de Porto Alegre são uma das
maiores preocupações dos envolvidos neste processo para que o sistema se
mantenha como o grande consolidador da democracia participativa. Com o tema
“Conquistas e Desafios do Orçamento Participativo”, a mesa-redonda deste
sábado, 22, dentro da programação do seminário em comemoração aos 25 anos do
OP, reuniu o prefeito José Fortunati, o secretário municipal de Governança
Local licenciado, Cezar Busatto, e o ex-senador e ex-prefeito de Lages, Dirceu
Carneiro, pioneiro na implantação de um sistema de democracia participativa
quando estava à frente da administração municipal da cidade catarinense. O
encontro acontece no Centro de Eventos Casa do Gaúcho.
O debate
foi aberto por Busatto, que destacou as melhorias que o OP trouxe para a
cidade, especialmente nos investimentos em educação, saúde, saneamento básico e
pavimentação. Segundo ele, isso é possível porque a comunidade determina como
serão aplicados os recursos públicos a partir das suas necessidades, ou seja,
daquelas obras e serviços que são mais urgentes. “Conquistamos muita coisa por
meio desse sistema de democracia participativa, mas precisamos ampliar, avançar
mais. Como? Utilizando as novas tecnologias para criar novas ferramentas de
participação, de troca, fortalecer o OP propondo outros debates e não apenas
discutir demandas. A população tem que se apropriar do debate sobre receita e
despesa, deve ser co-responsável nas decisões, pelos investimentos e na construção
das políticas públicas”, disse o titular da Governança Local. Busatto citou
também a elaboração do edital de licitação do transporte coletivo, discutido em
assembleias nas 17 regiões do OP, como um marco desse aperfeiçoamento pelo qual
o sistema deve passar.
O prefeito
pediu que as comunidades se fortaleçam cada vez mais e se comprometam em manter
o OP vivo, como um espaço democrático para o debate aberto onde todos devem ser
ouvidos. “Se o Orçamento Participativo está forte, ativo, é graças aos moradores
que se mobilizam e participam. Temos que ter debate, temos que ter discussão.
Se não tivermos isso, algo está errado, como esses manifestantes que pedem a
volta do regime militar. Numa ditadura, jamais poderemos escolher como investir
os recursos públicos, jamais teremos participação popular nas decisões de
governo. Não é com a volta dos militares que vamos combater a corrupção. É com
um estado democrático de direito cada vez mais forte e com o controle das
comunidades sobre as ações do governo”, explicou.
Sobre o processo de participação popular como
ferramenta de aperfeiçoamento do processo democrático, Dirceu Carneiro
considera que existe um tempo para que as pessoas se habituem ao sistema e
também às suas mudanças, um tempo para as pessoas e também cidades, estados e a
nação, só então o poder público poderá tomar as decisões corretas. "Os 25
anos de OP é um feito histórico de Porto Alegre. A Capital tem uma história de
luta popular consagrada. Vocês continuam sendo exemplos para todos nós. Os desafios
de hoje são maiores, mais difíceis, mas nem por isso ficam sem solução",
afirmou o ex-prefeito de Lages.
Futuro do
OP – As atividades prosseguem durante a tarde: das 14h às 17h, os participantes
integram discussões divididos em três grupos de trabalho. O primeiro eixo
aborda Estrutura, Organização e Regimento Interno do OP. O segundo eixo é para
discussões acerca da Comunicação do OP. Já o terceiro eixo é sobre o tema As
Relações Internacionais do OP. O evento termina à noite, com a assembleia municipal
e posse dos conselheiros e delegados, eleitos nas assembleias regionais e
temáticas deste ano, que aconteceram de 13 de outubro a 18 de novembro.
Maior
participação da história do OP - O ciclo deste ano bateu o recorde de público
desde o início do OP. Nas plenárias que se encerraram na última terça-feira,
18, o número total de credeciamentos foi de 17.582. Até o momento, a maior
participação registrada foi no OP 2012/2003, quando 17.395 pessoas se
credenciaram. A estatística desde o OP 1989/1990 até o OP 2011/2012 é
registrada no livro “Orçamento Participativo de Porto Alegre – Perfil,
avaliação e percepções do público participante”, publicado pelo ObservaPOA em
parceria com o Observatório das Metrópoles.