Referência mundial em governança urbana e professor da
University College de Londres, o francês Yves Cabannes lançou em Porto Alegre
nesta quinta-feira, 3, a versão em português da publicação Contribuições dos
Orçamentos Participativos para a Provisão e Gestão de Serviços Básicos. A
pesquisa é uma análise da contribuição do Orçamento Participativo (OP),
processo criado na Capital há 26 anos, em 20 cidades do mundo, entre as quais
cinco do Brasil – além de Porto Alegre, Canoas, Belo Horizonte (MG), Guarulhos
(SP) e Várzea Paulista (SP).
A apresentação dos resultados da pesquisa ocorreu no
plenário da Câmara de Vereadores durante o Seminário Internacional sobre as
Contribuições dos Orçamentos Participativos para o Provisionamento e Gestão de
Serviços Básicos.
A pesquisa, lançada em inglês em setembro de 2014, apontou a
melhora significativa na prestação de serviços à população por meio do
Orçamento Participativo. Entre as prioridades mais escolhidas nas 20 cidades
estão questões como abastecimento de água, saneamento, drenagem, coleta e
tratamento de resíduos, transporte público e mobilidade, entre outras.
“A mais importante conclusão no contexto desta pesquisa é de
que o Orçamento Participativo sempre priorizou e votou em projetos de serviços
básicos. O OP é um poderoso mecanismo de prestação desses serviços em nível
local”, comenta Cabannes.
A versão em português da publicação é fruto de uma parceria
entre as prefeituras de Porto Alegre e Canoas.
Reconhecimento – A palestra do professor francês foi
precedida de uma cerimônia que contou com a presença do representante do
Orçamento Participativo, Giovane Byl, do vereador de Porto Alegre, Cássio
Trogildo, do prefeito de Canoas, Jairo Jorge, do secretário adjunto de Relações
Institucionais de Canoas, Celio Piovesan, do secretário municipal adjunto de
Governança Local, Carlos Siegle, e do secretário municipal de Governança Local,
Cezar Busatto.
Representando o prefeito José Fortunati no evento, Busatto
destacou a escolha das cidades para a pesquisa, grande parte delas situadas em
países em desenvolvimento. O uso do processo de participação para a construção
de cidades mais igualitárias e humanas foi ressaltado no discurso do
secretário, assim como a maneira que o OP aprimora a gestão pública dos
municípios. “O Orçamento Participativo torna as cidades mais inclusivas e faz
com que os olhos do poder público se voltem para as pessoas, especialmente
aquelas que mais precisam”, afirmou.
Yves Cabannes - Um dos maiores especialistas em Orçamento
Participativo do mundo, Cabannes é professor da disciplina de Planejamento do
Desenvolvimento da University College de Londres, e foi consultor do Orçamento
Participativo em Porto Alegre e Belo Horizonte e da rede Cidades e Governos
Locais Unidos da África. Foi ainda membro do Conselho do Projeto de Orçamento
Participativo (EUA), do Centro de Participação HuiZhi (Chengdu/China) e do
Fundo Mundial para o Desenvolvimento das Cidades.
Entre 1997 e 2003 foi Coordenador Regional do Programa de
Gestão Urbana da Organização das Nações Unidas (ONU)/Habitat para a América
Latina e o Caribe.
Orçamento Participativo - Implantado em Porto Alegre em
1989, o OP é referência mundial em democracia participativa. A experiência
criada em Porto Alegre foi considerada pela ONU uma das 40 melhores práticas de
gestão pública urbana no mundo. O Banco Mundial reconhece o processo de
participação popular de Porto Alegre como exemplo bem-sucedido de ação comum
entre governo e sociedade civil.
Em 2015, a rodada de assembleias regionais e temáticas do
OP, um dos três grandes momentos do ciclo anual do processo, bateu recorde histórico de participação. Um total
de 20.657 pessoas se credenciaram para participar, alta de 17,52% em relação ao
ano passado.