Cuidar como forma de governar

Na abertura, nosso coordenador Adrià Duarte destacou que o conceito de cidade cuidadora é muito mais do que uma tendência emergente: trata-se de uma visão de cidade que coloca a dignidade, a autonomia e a participação de todas as pessoas no centro das políticas. “Cuidar não significa apenas atender, mas também governar com empatia, corresponsabilidade e justiça social”, afirmou.

Anna Calvete, Responsável de Pesquisa do CGLU, apresentou os avanços do processo colaborativo rumo ao Relatório GOLD VII, no qual mais de 50 contribuições de todo o mundo ressaltaram como o cuidado pode transformar as estruturas institucionais, impulsionar a democracia local e sustentar a vida em todas as suas dimensões: física, emocional, comunitária e ecológica.

Experiências locais que inspiram

• Amã:

Nisreen I. Dauod, Gerente de Desenvolvimento Sustentável e da Unidade de Resiliência da Prefeitura do Grande Amã, compartilhou como a cidade integrou a agricultura urbana comunitária em seu plano de ação climática. Essa estratégia não apenas melhora a segurança alimentar e a resiliência diante das mudanças climáticas, como também gera espaços de encontro, formação e sustentabilidade para mais de 150.000 pessoas, incluindo refugiados e pessoas em situação de vulnerabilidade. A cidade implementou jardins comunitários, hortas urbanas e telhados verdes, promovendo uma verdadeira cultura do cuidado urbano.

•  Osório: 

 Alencar Massulo, da Equipe de Gestão Territorial da Cidade de Osório, apresentou um projeto pioneiro em que meninas e meninos participaram ativamente da revisão do Plano Diretor da cidade. Sua inclusão permitiu repensar o desenvolvimento urbano a partir de uma visão sensível ao futuro, centrada na sustentabilidade e não apenas nos índices de construção. 

• Aragão:

María Jesús Latorre, do Governo de Aragão, explicou como a iniciativa Governo Fácil garante o direito à participação das pessoas com deficiência. Por meio de oficinas de leitura fácil, materiais acessíveis e leis em formatos compreensíveis, Aragão fortalece a democracia participativa e reconhece o direito de todas as pessoas de entender, opinar e decidir. 

• Maia: 

Ana Silva Fernandes e Lucília Lima, da Prefeitura de Maia, apresentaram uma abordagem de habitação pública baseada na proximidade, inclusão e cuidado. Por meio de projetos participativos, o município tem promovido a integração social de comunidades vulneráveis, reconhecendo o direito à moradia a partir de uma lógica de corresponsabilidade e empoderamento cidadão. 

Elementos para progredir: 

O webinário deixou mensagens poderosas: 

• O cuidado é a base de uma democracia mais inclusiva e confiável. 
• A participação cidadã é, por si só, uma ferramenta de cuidado. 
• A sustentabilidade só é possível quando o bem-estar das pessoas e do planeta está no centro. 

Como afirmou Ana Falú, assessora UBUNTU da CGLU: “ Cuidar exige vontade política, reconhecimento da diversidade e uma compreensão profunda do papel dos governos locais na redistribuição e valorização dos cuidados. ”

Desde nossa Comissão e o OIDP, convidamos todos a continuar enriquecendo esse processo coletivo, compartilhando experiências e construindo juntos novas formas de governar com e para o cuidado.